Presença Internacional na Palestina - primavera 2002

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Correspondência dos territórios ocupados


Jenin, o inferno fica na Palestina

A cidade mártir. Edifícios em ruínas, centenas de mortos no campo de prófugos que resiste da cinco dias aos bombardeamentos de terra e do ar: ontem 13 soldados israelitas morreram.
STEFANO CHIARINI

Serão centenas as vítimas do assédio israelita, que está agora no seu quinto dia, ao campo de prófugos de Jenin, 1km quadrado de casotas paupérrimas mantidas o melhor possível pelos prófugos palestinianos expulsos da região de Haifa em 1948. 80 carros armados, helicópteros apache, centenas e centenas de soldados que da dias, sem parar, mandam bombas e balas sobre os habitantes decididos em não se renderem. A custo de serem enterrados de baixo dos escombros das casotas abatidas por enormes bulldozer armados.
O campo de Jenin, definido pela imprensa israelita como uma verdadeira "Masada palestiniana", é já conhecido da tempo como uma fortaleza da resistencia e sobretudo da autonomia política, mesmo em relacção à Anp. Como o foi,
em 1976, o campo de al Zaatar em Beirut oeste, caído depois de 50 dias de assédio por parte dos falangistas aleados com Israel e protegidos pela Siria. Perante a resistência dos prófugos, desde sempre a avanguarda do movimento de liberação palestiniano, o chefe do Estado Maior do Exército israelita Shaul Mofaz, e o ministro da defesa laburista Benyamin Ben Eliezer, ambos presentes no lugar para dirigir as operações, deram a autorização a um abrir fogo indescriminado contra o campo. Segundo fontes palestinianas, existem centenas de mortos.
Em relação a isso, também por parte de Israel começa a sentir-se no meio governamental um certo desassossego, não pelas vítimas palestinianas mas porque, como declarou Shimon Peres ao jornal
liberal israelita Haaretz, quando se conhecer o número de mortos o ataque feito ao campo de "terroristas bem armados" poderá ser apresentado à opinião pública internacional como uma carnificina.


A situação dos sobreviventes vai para além da tragédia.
Sem comida, electricidade, àgua, sem nenhuma possibilidade de se mexer para não ser alvejada pelos soldados israelitas, a população recusa-se de saír do campo. Os combatentes no interior do campo estão a demonstrar, segundo a imprensa israelita, uma determinação inesperada. Muito diferente daquela dos varios
Jibril Rajoub, o chefe dos serviços de segurança, mais preocupado pelos seus negocios do que pelo destino do seu povo. Desde a passada sexta-feira, não obstante o despropósito de forças, em Jenin morreram 22 soldados de reserva e dezenas de outros ficaram feridos. Então o exército israelita pediu uma trégua para recuparar os corpos. Mas mesmo durante a trégua continuou a impedir às ambulâncias e aos cordões humanitários de se apróximarem do campo. Entre estes, o cordão humanitário da UNRWA, o organismo do welfare dos prófugos. Foram também bloqueados algumas centenas de Palestinianos com passaporte israelita que, juntamente com alguns deputados árabes e grupos pacifistas israelitas, traziam medicamentos e comida para a população assediada da 5 dias. O grupo foi atacado primeiro por grupos de colonos que atiravam pedras gritando "amigos dos terroristas" "fóra os árabes" e depois bloqueado pelo exército. Talvez tenha sido um colono, com uma farda militar che disparou tiros de espingarda contra os manifestantes provocando 2 feridos: um rapaz e uma mulher.
Comentando a morte dos 13 soldados, o general
Yitzhak Eytan, comandante da frente central, sustém que a batalha e o assédio ao campo de Jenin vai continuar até que os defensores não se renderem ou até que não tenham sido mortos.
O movimento pacifista
Gush Shalom, disse num comunicado ontem à noite: "Em Jenin foi enterrada a Masada", e ainda "o mito do heroísmo e do sacrifício judeu foi enterrado pela montanha de mortos dos combatentes palestinianos pela liberdade...gerações inteiras hão-de subir em direcção ao campo para inquinar a cabeça e prestar honra e respeito à memoria destes combatentes".


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