Correspondência dos territórios ocupados
Campo de Deheishe - hora 23:00 Em Belém, a situação nas igrejas, especialmente na igreja da Natividade, continua a ser muito difícil. à poucas horas atrás, através da da televisão Al Jazira, conseguimos obter uma correspondência com um dos civis detido como refem na igreja. Non têm comida, àgua e electricidade, e uma das pessoas está gravemente ferida. Os civis apelam-se à Cruz Vermelha e à comunidade internacional para lhes levar socorro e assistência médica. Mas o exército, depois de ter autorizado a passagem duma ambulância da Cruz Vermelha para recuperar os corpos, prendeu o inteiro grupo de médicos. Entretanto, para além de Belém está-se a levantar o nível do conflicto também em Nablus e em Jenin. Combatimentos violentos explodiram esta noite em Nablus, enquanto colunas de carros armados (cerca de 400) e de blindados israelitas entravam na maior cidade da Cisjordânia controlada pela Autoridade Nacional Palestiniana. Segundo fontes palestinianas, os veícolos armados encontraram uma forte resistência em, pelo menos, três pontos à volta do campo de prófugos de Balata. Por agora, tem-se notícias do ferimento de pelo menos quatro palestinianos. A população de Nablus, que è de cerca 180 mil habitantes, nos últimos dias fez refornecimentos de alimentos e outros géneros de primeira necessidade em previsão deste assalto. Um grande número de carros armados está a tentar entrarem Jenin pela parte Oeste da cidade. Também naquela zona a resistência è muito forte e neste momento estão a dar-se combatimentos. Hoje à tarde, os combatentes palestinianos fizeram saltar para o ar um carro armado, matando todos os soldados que estavam dentro. O exército continua a mirar os civis e o pessoal médico: hoje também em Jenin abriram fogo contra uma ambulância, sem ter ferido ninguèm, felizmente. Hoje as forças israelitas ocuparam uma outra cidadezinha da Cisjordânia, Salfit que com Nablus e Jenin vão juntar-se a Belém, Tulkarem, Qalqilia e Ramallah, onde o presidente palestiniano Yasser Arafat continua assediado no seu "bunker".
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Campo de Deheishe - um dia de toque de queda acordo tarde, depois de ter estado até às 5 da manhã a renovar o site de indymedia, aquele italiano, aquele internacional e também aquele palestiniano com r. Os combates, de certo, ainda não acabaram e assim volto de novo ao trabalho no computador. Fóra continuam a ouvir-se tiros de morteiro e de metrelhadora às vezes longe às vezes perto quando estão perto, ou quando se ouve o barulho das correias dos blindados, todos se sentam no chão e esperam que os tiros se afastem. Poucos palestinianos saiem à rua no centro, estão todos nas casas das suas famílias, ou a combater...os únicos que se vêm são o K., o magnífico freelance que conhecemos aqui, outras pessoas que trabalham com as ambulâncias ou com as nações unidas, e por isso têm uma certa imunidade ao fogo dos soldados. Entram a correr e dizem: "os rapazes estão para mandar uma bomba ao carro armado"...subentendendo os rapazes "de 13 anos" e o carro armado "aquele estacionado aqui em baixo e que está a descarregar os soldados"... um dos tantos episódios. A maior
parte do dia passo-a em frente do computador a informar, comunicar e
a tentar fazer chegar aí pelo mundo fóra uma visão humana e não instrumental,
daquilo que vejo. Para outros, o dia passa em intermináveis confrontos
sobre a possibilidade ou não de ficar e sobre o sentido político de
afrouxar a avançada israelita e da solidariedade com o povo palestiniano,
que nos hóspeda. E´um susseguir-se de notícias de ocupações de territórios
por parte dos israelitas e de jornalistas feridos, e de civis assassinados,
e de execuções, e de membros internacionais que não têm sido minimamente
considerados por um estado que dicidiu de aniquilar toda a sensibilidade
aos direitos civis, apesar da sua história. Chego
ao ultimo andar para o jantar. Encontro K. que fuma bufando por baixo
dos grandes bigodes. Tem um olhar pesado. Os 5 leaders eram os 5 principais
procurados de Belém. Os leaders das brigadas de Al-Aqsa. O que é que
isto significa?, pergunto-lhe. "not good"..."quer dizer que os israelitas
fazem aquilo querem e lhes apetece"..."porquê todos juntos?", "I don't
know...loucura"... Espera-me uma outra noite de bombas e de tiros de espingarda, de revolvimentos. Pela Palestina, uma nova noite de resistência contra um exército invasor.
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Em 30 de Março de 2002, aproxima-se em Jerusalém a manifestação em defesa do povo palestiniano. A tensão na Palestina aumenta e uma sucessão de acontecimentos, desde a falência do summit de Beirut, está a propagar-se até chegar ao progressivo cerco dos territorios, onde se encontra uma debblegação italiana (com base no centro de Ibdaa em Deheishe) e ao bloqueio da delegação italiana de Action 4 Peace em Tel Aviv (4 horas e meia no aeroporto com ameaças de expulsão; por agora a situação está momentaneamente resolvida). Da delegação de Deheishe chegam já as primeiras notícias e também chegam aquelas da delegação de Action 4 Peace. Estão previstas varias manifestações em defesa do povo palestiniano em todo o mundo e estão previstas outras também nos proximos dias (São Francisco, Washington, Atlanta, etc). Desde a noite de quinta-feira de 28 de Março estão a dar-se em Nablus pesados combates entre palestinianos e israelitas, e seja Nablus assim como Ramallah, estão a um passo de sofrer um ataque que abre a possibilidade a uma operação militar sem antecedentes. As varias delegações internacionais vão encontrar-se amanhã em Ramallah para continuar a preparar e fazer acções de interposição em defesa do povo palestiniano e para atrazar o avanço do exército israelita. Neste momento o grupo internacional que estava em Deheishe tentou chegar em Beitjalla mas foram bloqueados por carros armados israelitas e impedidos de entrar. O grupo está agora manifestando-se mas ameaçados pelo exército israelita, estão lentamente a retroceder.
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