Correspondência dos territórios ocupados
Mais notícias de Belém Acordamos
tarde, depois duma noitada a discutir com a empresa que fornece
as ligações à Alternative Information Center.
Um dos seus aparelhos está avariado e ficamos sem ligação.
O trabalho que eu e R. ficamos a fazer aqui necessita da conexão.
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Tiros sobre a caravana diplomatica à saída de Deheishe Acordam-nos
de manhã cedo.... Confusão. Chega
a notícia que já não ha o toque de queda... Ouvem-se chegar outros tanques, pela infinitésima vez. Explodem dezenas e dezenas de rajadas, tiros de todo o tipo. Devastam completamente a rua onde, alguns minutos antes, todos nós tinhamos caminhado, falado, jogado com as crianças do campo. Logo que nos atrevemos a meter o nariz fóra da porta, damos com os 14 carros blindados do corpo diplomático. "Bastardos,
vieram nos carros, abriram o caminho aos israelitas..." Não
è assim... por fim, torna-se difícil também para
os habitantes do campo de hospedar tanta gente...tiram-se o pão
da boca para dá-lo a nós... Por fim decidimos que ficam só pouquíssimas pessoas. Um que tem de trabalhar com uma cooperativa nos campos. Uma rapariga que está a studar àrabe. Dois companheiros que têm um bilhete que ainda dura algumas semanas. Um par de indyani. As últimas duas pessoas estão para subir para o jeep. Começamos a ouvir tiros de tanques e soldados a pé. As balas
assobiavam à nossa volta. As últimas pessoas que estavam
a entrar no jeep e aqueles que decidiram ficar correm para dentro do
centro Ibdaa. "bastardos. Estão a disparar assim, podem meter os carros armados à frente e atrás da delegação e dar uma imagem dos israelitas como os fodidos salvadores dos internacionais. Bastardos, infames." Os carros
vão-se embora. Ficam 7 italianos e 2 americanos. Eu e gkd
kev metemo-nos dentro de um jeep da televisão de Belém
juntamente com outros dois palestinianos, e metemos-nos a caminho em
direcção ao sitio pelo qual ficámos aqui. Dois dias
para fazer aquilo que temos a fazer. Palestina |
Comunicado da clinica das Nações Unidas, ao lado do centro cultural de IBDAA. Campo de Deheishe, Belém. 18.00: uma mulher de Deheishe, grávida, veio parar à clinica porque tinha começado a ter as contracções. Os médicos ajudaram-a no parto mas o recém nascito estava doente. Seja a mãe como o filho, precisavam de ser transportados com urgência para um hospital mas as patrulhas do exército israelita comunicaram à clinica que não davam autorização para usar a ambulância. De consequência, duas horas depois, a criança morreu. Hoje, durante os combatimentos, três rapazes de 15 anos ficaram feridos depois dum ataque por parte da IDF. Um no tornoselo, um no pulso, um no pescoço. Encontram-se todos socorridos na clinica das Nações Unidas (UN). Ainda hoje, uma das ambulâncias da clinica UN foi alvo dos militares da IDF, e atacada por tiros de metrelhadora. Partiram-se varios vidros, mas o veícolo ainda funciona. Neste momento sofre-se pela falta de ambulâncias na Palestina. Todos os palestinianos estão a pedir medicamentos, e pedem sobretudo que não se impeça, de forma alguma, o acesso do pessoal médico onde é preciso. |
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