6
de Abril 2002
Notícias
dos territórios
Em Nablus,
o socorro médico preparou 6 hospitais de campo; a situação
em dois destes é assustadora. Num destes, a mesquita na cidade
velha, tem 50 feridos, três dos quais em condições
criticas e 15 em condições serias. Na mesquita, dentro
da sala estipulada para as operações, os médicos
operaram 5 corpos com o equipamento minimo.
Os soldados israelitas que estão nos telhados, rodearam os edifícios
e disparam a seja quem for que saia da mesquita. Os helicópteros
Apache atacam regolarmente a região; na cidade velha os
mísseis já destruiram diversas casas pertencentes à
família Al-Usta.
Existem notícias de três pessoas feridas que jazem pelas
ruas ali por perto mas ninguém as consegue trazer para a mesquita
- as ambulâncias não se podem mexer. Também na cidade
velha três pessoas do pessoal médico foram presas pelos
soldados israelitas e usadas como escudos humanos enquanto os soldados
passavam casa por casa fazendo perquisições.
A mesma situação repete-se no hospital que está
no campo de prófugos de Askar. Os helicópteros Apache
dispararam mísseis deixando sete pessoas feridas, duas das quais,
que tinham tido a permissão dos militares israelitas para ir
buscar estes corpos, em modo grave. Sabe-se que estão quatro
corpos pelas ruas mas uma ambulâcia encontrou-se debaixo do fogo
das metrelhadoras e tem os pneus furados.
Enquanto escrevo, os soldados ainda estão a disparar contra as
ambulâncias e l'UPMRC perdeu o contacto com elas.
As nossas fontes em Jenin referem as mesma situação humanitária
horrível. O exército israelita atacou sem parar, durante
toda a noite, o campo de prófugos e a cidade. Os helicópteros
Apache atacaram seriamente e danificaram cerca de 50 casas na
zona mais a Oeste do campo, 20 pessoas ficaram feridas e sangram pelas
ruas. Testemunhos dados pelos habitantes, dizem que são 15 os
mortos em varias zonas mas as ambulâncias, à primeira tentativa
de chegar aos cadaveres, são imediatamente atacadas pelos helicópteros.
Ontem no hospital Al Razi em Jenin, todo o pessoal médico tentou
ajudar a rapariga de 28 anos, Nidal Al Haj, que sangrava gravemente
no pátio do hospital. O doutor Ali Jabareen explicou como, por
causa dos tiros, "os médicos tiveram que esperar muito tempo
até conseguirem saír do edifício para a ir socorrer".
Menos dramatica mas ainda em risco de vida, a situação
de mulheres grávidas, pacientes que precisam da diálise,
pessoas vítimas de ataques cardíacos, e pacientes diabéticos
que não podem de forma alguma ter acesso aos tratamentos médicos
dos quais dependem totalmente.
Os hospitais referem uma escarsa ração de oxigénio
e outros fornecimentos médicos. A última notícia
de Jenin é que o exército israelita está a demolir
sistematicamente com os bulldozer as casas do campo de prófugos
onde moram 15.000 palestinianos numa àrea de 1km quadrado. Isto
acontece enquanto, simultaneamente, lançam gás lacrimogénio
dos helicópteros sobre o campo. O campo resistiu 2 dias à
invasão israelita mas agora mudou a natureza da invasão
- destroem as casas com os habitantes dentro.
Também Yatta, perto de Hebron, encontrou-se sob ataco israelita
que iniciou às três desta manhã. Dúzias de
carros armados cercaram a cidade e abriram fogo sobre os habitantes.
O hospital deu notícia de dois palestinianos mortos dentro da
propria casa. Ali Jabareen, de 22 anos, alvejado com munições
letais no peito e Nader Jamil Al Khadder de 21 anos também alvejado
no peito. O hospital enterrou-os imediatamente no cemitério sem
fazer funeral, pela preocupação de que, assim que terminasse
a operação israelita naquela cidade, rebentasse uma crise
- parecida com a crise que se deu noutras cidades da Cisjordânia
onde os corpos em decomposição ficaram dentro dos hospitais
e das casas, sem que ninguém pudesse enterrá-los.
O doutor Mustafa Barghouti, sob assédio em Ramallah, comentou
o ataque furioso israelita dizendo: "este desatre humanitário
total foi feito intensionalmente pelo exército israelita. Neste
momento em Jenin e Nablus, o exército israelita está a
fazer a mesma coisa que já fez em outras cidades da Cisjordânia,
impedindo o acesso médico aos doentes e feridos.
Isto é sistemático e planificado.
Os comandantes israelitas declaram que é seguro para os veículos
de se mexerem ou que é seguro para as ambulâncias e para
os operadores humanitários, mas os soldados pelas ruas disparam
sobre as nossas ambulâncias. Eles estão a crear este desastro
humanitário - usam-no como instrumento de control político."
Ontem a UPMRC emitiu um comunicado que alarma contra o risco de epidemias
causadas pela decomposição dos corpos bloqueados nas casas
e nas varias estructuras médicas.
Para mais informações contactar Juliana do Palestine Monitor
+972 (0)2 5834021 ou +972 (0)2 5833510
www.palestinemonitor.org
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